Planeta Terra 2012


Créditos: gabriel quintão

Houve quem duvidasse que o charme do festival Planeta Terra, que há três anos acontecia no parque de diversões Playcenter, em São Paulo, continuaria o mesmo depois de sua mudança de local para o sóbrio Jockey Club. O evento, que aconteceu neste sábado (20), começou pontualmente às 13h e logo enfrentou alguns contratempos: a forte chuva que caiu em São Paulo e problemas técnicos no som do palco Main Stage, que levaram a primeira atração do dia, Mallu Magalhães, às lágrimas. 

Enquanto isso, no Indie Stage, o grupo Far From Alaska, banda vencedora do concurso Som Para Todos, já havia iniciado os trabalhos do palco. Na sequência e com o público ainda chegando ao evento, o duo Madrid, formado por Adriano Cintra e Marina Vello, mostrou faixas como Till Things Fall Apart, Sad Song, Bride Dress in a Flame, além das mais aplaudidas Your Hands e I Fly.

Ainda com uma forte chuva, os goianos da Banda Uó fizeram o show nacional mais animado do festival. “Queremos fazer um Woodstock na chuva”, brincou Matheus Carrilho, que ao lado da rebolativa Candy Mel e de Davi Sabbag, mostrou a faixas do recém-lançado Motel.

Muito bem recepcionados pela valente plateia que enfrentava a chuva, o trio abriu a apresentação com Vânia e Não Quero Saber. Na sequência as dançantes I love Cafuçú, O Gosto Amargo do Perfume e Rosa, cover de Last Nite, dos Strokes, botaram os amantes do tecnobrega para dançar. O destaque da apresentação ficou por conta do hit Gangnam Style, do rapper norte-coreano Psy

Enquanto se preparavam para encerrar sua participação, a chuva deu uma trégua, o tempo abriu e pode-se perceber que o festival amado pelo público ‘cool’ ainda é o mesmo: sem o parque de diversões, mas com 30 mil pessoas satisfatoriamente acomodadas pelo Jockey.  O maior problema enfrentado na arena foram as filas dos banheiros – desta vez químicos -, que eram longas apenas nos intervalos dos shows.

Little Boots 

Victoria Christina Hesketh, a.k.a. Little Boots, é uma cantora e compositora de electropop britânica. Pela primeira vez no Brasil, ela mostrou as faixas de seu álbum Hand (2009), que despertou muita atenção da mídia especializada antes mesmo de seu lançamento além das inéditas: Stuck on Repeat e New in Town, do recém-lançado EP Illuminations.

“Muito obrigada, estou muito feliz por estar aqui”, disse Victoria ao animado grupo de fãs que se apertavam em frente ao Indie Stage para acompanhar de pertinho cada detalhe do show. “Olá São Paulo, vocês estão gostando? Vamos tomar um drink comigo mais tarde?”, brincou antes de se despedir ao som de Shake.

The Maccabees

O terceiro álbum do The Maccabees Given To The Wild (2011) é considerado pela critica como o melhor trabalho do grupo inglês. Formado pelo vocalista Orlando Weeks, por Rupert Jarvis no baixo, pelos os guitarristas Felix e Hugo White e o baterista Sam Doyle, o quinteto mostrou sua vigorosa mistura de guitarras distorcidas com toques de pop e psicodelia no palco Indie Stage.

“Muito obrigado. Este é o final da nossa turnê e não consigo pensar em um lugar melhor para encerra-la”, disse Orlando em um enrolado português.  O destaque da apresentação ficou por conta as animadas William of Powers, X-Ray e Precious Time, que o público acompanhou em coro. Pelican, maior hit do grupo e a que mais levantou a plateia, encerrou o animado show enquanto a noite chegava ao festival.

Azealia Banks

Não há como negar, Azealia Banks é mesmo furacão ao vivo. A rapper norte-americana, que nasceu e cresceu no bairro do Harlem, fez sua primeira apresentação no Brasil na noite deste sábado (20). Uma das atrações mais esperadas do Indie Stage, Azealia não decepcionou e mostrou com vigor o conteúdo ‘proibidão’ de suas rápidas rimas, que faz a letra de qualquer funk carioca parecer uma cantiga de ninar.

Antes de subir ao palco, o DJ Cosmo esquentou o clima com um set que juntou canções de Michael Jackson, Beyoncé, Rihanna e Lil’ Kim. “É minha primeira vez na América Latina. Façam muito barulho!”, disse a rapper, muito sorridente, antes de atacar com Out Of Space, sua versão para a conhecida faixa do The Prodigy.

Vestindo um top com luzes de led e chacoalhando muito suas longas madeixas vermelhas,  a rapper seguiu com Neptune e Atlantis e Fuck Up The Sun, ambas de sua recém-lançada mixtape, FANTASEA. A norte-americana impressiona por misturar rimas rápidas ao melhor estilo Missy Elliott com o ‘rebolation’ de nomes como Rihanna e Beyoncé.  

“Vou cantar a música favorita de toda a minha carreira”, anunciou antes de apresentar 1991, faixa título de seu primeiro EP, lançado em 2011. Na sequência vieram Vogue, Luxury, e Liquorice, anunciada como o “hino da Azealia Banks”.

“Esta é a música que vocês estão esperando, foi quando tudo começou”, disse antes de atacar as rimas do hit 212, acompanhada com entusiasmo pelos fãs. Pouco antes de a canção chegar ao fim, uma falha interrompeu o som por alguns segundos. Nada que pudesse atrapalhar o brilho da apresentação, já que tanto Azealia quanto o público continuaram a cantar. “Muito obrigada, nos vemos em breve”, disse ao deixar o palco e a plateia com um gostinho de ‘quero mais’.

The Drums

Após a quente apresentação de Azealia Banks, foi a vez do The Drums assumir o palco Indie Stage. Formado por Jonathan Pierce, Jacob Graham, Myles Matheny, Charles Narwold e Danny Lee Allen, o grupo apresentou seu rock eletrônico baseando no álbum Portamento (2011), com influências de nomes como New Order, Joy Division e The Smiths.

Ao contrário de sua última passagem pelo Brasil, o The Drums mostrou-se uma banda mediana, que não empolgou o público nem mesmo com as canções de álbum de estreia, o mais conhecido por aqui. O vocalista Jonathan Pierce, que já chegou a ser comparado com Ian Curtis, do Joy Division, parecia apático. Enquanto seus colegas de palco pareciam estar com o ‘piloto automático’ ligado. 

Em nenhum momento o show lembrou as boas performances da banda norte-americana, elogiada pela critica e elevada ao patamar de promessa e revelação do inde rock. “Essa é a nossa música mais dançante, vamos animar”, disse o vocalista antes de apresentar Money, que nem assim levantou o público. Apenas quando estava se despedindo e Pierce declarou: “Obrigado, Brasil. Gossip vem em seguida, ótima banda, um prazer tocar com eles”, recebeu um apoio mais caloroso ao final de uma insossa apresentação.

The Gossip

Após cancelar dois shows no país, Beth Ditto e sua banda finalmente encontraram o ansioso público brasileiro. E não havia maneira melhor de pedir desculpas pela longa espera que subir ao palco cantando o refrão de Dança Kuduro, tema de abertura da novela Avenida Brasil. “Nós somos o Kings of Leon”, anunciou a vocalista, brincando com a banda que se apresentava no mesmo horário no Main Stage.

Logo de cara o público cantou cada palavra de Long Distance Love, a escolhida para abrir o show. A empolgação dos fãs era tamanha que Beth logo tratou de se desculpar pelos ‘furos’ anteriores: “Desculpa. Nunca mais, Brasil! Isso não acontecerá de novo, vocês são maravilhosos”, antes de mostrar 8th Wonder. O ápice da apresentação ficou por conta de vários mashup entre hits do Gossip e clássicos da música mundial.

Beth passeou com segurança entre What’s Love Got To Do With It, de Tina Turner e La Isla Bonita, de Madonna. Mais tarde foi a vez de Bad Romance, de Lady Gaga, I Wanna Be Sedated, dos Ramones, Smells Like Teen Spirit, do Nirvana, e a icônica Angie, dos Rolling Stones

Extremante carismática, a vocalista aproveitou para alfinetar a banda anterior: “Vocês viram o The Drums? Eles foram incríveis. Eu adoro aquela banda de bichinhas”. Antes de encerrar com o maior hit da banda, Standing In The Way Of Control, Beth acendeu um cigarro e mais uma vez agradeceu ao público: “Esse foi um dos melhores shows da nossa carreira”.

Responsável por fechar a edição 2012 do Festival Planeta Terra, o Gossip deixou o palco enquanto a vocalista beija diversos fãs próximos a grande de contenção na boca ao som Heavy Cross. Demorou, mas Beth Ditto e companhia fizeram um show memorável para os fãs brasileiros de sua banda.


int(1)

Planeta Terra 2012: The Gossip ofusca Kings of Leon, Drums decepciona e Azealia Banks incendeia o público