A Rainha do Metal


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“Estou bem! Muito ansiosa para voltar ao Brasil!”

Foi assim que Doro Pesch atendeu o Virgula Música  em uma entrevista exclusiva. Conversamos com a Rainha do Metal sobre o show que ela fará aqui em São Paulo justamente no Dia Internacional da Mulher, 8 de março, pela turnê 30 Years Strong & Proud, que comemora as três décadas de carreira da alemã.

Com muita vontade, bom humor e simplicidade, Doro falou da expectativa pela sua terceira passagem no país (já tocou aqui em outubro de 2006, no festival Live n’ Louder, e em abril de 2011), apresentando-se em um dia icônico justamente em um ano especial para a sua trajetória.

“Sim, sim, é (especial)! Acho que é um presságio, de alguma forma. Imagino que a atmosfera será única. Sei que será ótimo. Imagine, terá as fãs, as mães, as irmãs, as meninas. A minha banda me dará presentinhos, mal posso imaginar. Será extraespecial”, respondeu a diva do heavy metal.

Depois, não faltaram elogios ao país e aos brazilian headbangers.

“Ainda mais no Brasil, que é um dos melhores países (para se fazer show). As pessoas são ótimas, têm tanto vigor, vontade e paixão, e são tão carinhosas. Eu adoro estar aí, falar com todos. É o melhor lugar de se passar com a turnê e pra fazer um show. Você realmente sente que toca o coração das pessoas. É fenomenal e maravilhoso. Todos os países têm o seu jeito, mas no Brasil eu sinto que o pessoal tem mais coração, mais paixão pela música e ficam mais estimulados com a música”, disse.

Com carreira firme desde os anos 1980 e bela como poucas no cenário da música pesada, a frontwoman de 49 anos não aparentes conheceu muita gente, mas uma delas tem um lugar especial em sua vida. Trata-se da também vocalista Sabine Classen (foto abaixo), líder da clássica banda alemã de thrash oitentista Holy Moses. Doro nos revelou um caso que aconteceu há pouco mais de dez anos, justamente no maior festival de metal do mundo, o Wacken Open Air, que acontece todo ano na Alemanha.

Na edição de 2001, Sabine pediu que Doro fizesse uma participação especial no última canção do show, um cover de Too Drunk to Fuck, dos Dead Kennedys. Muito feliz com o pedido da amiga, respondeu que sim, mas não contava com o trânsito e a chuva que assolavam o pequeno vilarejo no interior da Alemanha e que já teve edições com um público de mais de 80 mil pessoas.

“Fui parada por uma blitz. Por causa de tanta gente indo ao Wacken e somente uma via na estrada, tinha trânsito. Aí disse pro policial que eu tinha que ir logo: ‘Tenho que subir no palco’. Mas ele quis olhar o carro e estava meio nervoso. Fiquei implorando: ‘Deixe-nos ir, deixe-nos ir’. Faltava uns 80 quilômetros pra chegar. ‘Preciso estar no palco, eu prometi pra ela!’ Então o motorista foi o mais rápido que pôde. Quando chegamos ao vilarejo de Wacken, pulei do carro e corri por uns 16 quilômetros, sabe, estava chovendo! Estava coberta de lama dos pés à cabeça, mas consegui! Subi no palco para a última música. A banda olhou pra mim e nem esperava que eu entrasse mais. Fiquei muito feliz! Foi tão engraçado, tão Wacken!”, relatou.

Outra pessoa especial na vida da cantora é a boxeadora alemã Regina Halmich (foto abaixo), umas das maiores atletas do esporte em todos os tempos. Algo que Doro já fez em sua carreira é abrir algumas lutas de Regina, também porque gosta muito de lutas. Inclusive, fez questão de lembrar que vai cantar seu último single antes da importante luta entre os alemães (pelo menos radicados no país) Marco Huck e Firat Arslan, que vale o cinturão da Organização Mundial de Boxe. O confronto acontecerá no próximo dia 25, e Doro mostro user tão fã que sabia os nomes dos pugilistas, hora e local na ponta da língua. E revelou por quem torcerá.

“Adoro isso tudo! Sou uma grande fã. Sempre tento assistir a alguma luta. E, aliás, cantarei para o campeão mundial Marco Huck. Cantarei Raise Your Fist in the Air (um de seus últimos singles) e vai passar na televisão. Será uma grande luta, passará em vários países. Vale o título mundial. É o Marco Huck contra o Firat Arslan e, claro, estarei torcendo para o Marco, e estou ansiosa para isso!”, disse.

Na conversa sobre lutas, veio o assunto sobre boa forma. A ex-líder do Warlock disse não ser adepta do abuso da sensualidade, como fazem algumas outras artistas do gênero.

“Apenas tente fazer o melhor. Não importa se você é alta, baixa ou magra, ou mais cheinha, você sabe, apenas aja como quiser, sinta-se bem consigo mesmo. Acho que quando se está bem com si próprio, você acaba ficando sexy. Não precisa mostrar pele. Quando você se sente confiante, as outras pessoas sentem isso. Isso é legal, isso é realmente sexy”, opinou.

Sobre o show que fará em São Paulo, a senhorita Dorothee Pesch deu até umas dicas do que apresentará no palco do Carioca Club, listando algumas de suas canções que não faltarão no setlist, além de uma homenagem a Ronnie James Dio  (ex-Rainbow, Dio e Black Sabbath, entre outras, falecido em 16 de maio de 2010). Importante também salientar que os fãs poderão escolher uma canção para a banda apresentar, mas será preciso muita goela.

“Queremos relembrar todos os maiores momentos desses 30 anos. Mandaremos músicas que nunca tocamos, uma delas eu acho que soa tão bem no álbum, tem tanto sentimento, energia. Todas essas são músicas de muita energia! Alguns sons mais oldschool, alguns hinos… Quero tocar as pessoas profundamente. Definitivamente iremos mandar algo do novo disco (Raise Your Fist – 2012)”, revelou a Rainha do Metal.

Portanto, fãs e apreciadores do bom heavy metal, aguardem que virá coisa boa por aí. E, além disso, se for ao show periga de você escolher algum som.

Confira abaixo (tem muito mais) a entrevista com a Doro na íntegra para o Virgula Música:

VIRGULA MÚSICA: Pra você é mais especial fazer um show no Brasil no Dia Internacional da Mulher justamente quando está completando 30 anos de carreira?

DORO PESCH: Sim! Cara, é um sonho. Nunca pensei nisso (que fosse tão longe). Todos esse anos… Pensei que, no início, talvez gravasse um disco, fosse em frente e, você sabe, continuar. E 30 anos depois ainda estou tão cheia de energia, tenho 17 álbuns gravados. Tem sido ótimo! Agora, com tantos fãs, é tão maravilhoso ir a vários países, se sentir da família, ver vários amigos. Nunca esperei por isso. É ótimo.

Mas fazer um show justo no Dia Internacional da Mulher é ainda mais especial?

Sim, sim, é! Acho que é um presságio, de alguma forma. Imagino que a atmosfera será única. Sei que será ótimo. Imagine, terá as fãs, as mães, as irmãs, as meninas. A minha banda me dará presentinhos, mal posso imaginar. Será extraespecial. Ainda no Brasil, que é um dos melhores países (para fazer show). As pessoas são ótimas, têm tanto vigor, vontade e paixão, e são tão carinhosas. Eu adoro estar aí, falar com todos. Sinto-me tão bem. É o melhor lugar de se passar com a turnê e pra fazer um show. Você realmente sente que toca o coração das pessoas. É fenomenal e maravilhoso. Todos os países têm o seu jeito, mas no Brasil eu sinto que o pessoal tem mais coração, mais paixão pela música e ficam mais estimulados com a música.

Quem é a sua melhor amiga no mundo do metal?

A minha melhor amiga… eu diria que é a Sabina Classen, do Holy Moses (banda de thrash metal alemã fundada nos anos 1980). Ela é a minha melhor amiga. Tenho amizade com tantas cantoras, mas a Sabina é diferente. Começamos meio que no mesmo ano. Nos vemos desde o começo dos anos 1980, várias vezes. Conheço ela há muito tempo. Estive com várias pessoas durante as turnês, mas com a Sabina é a amizade mais antiga que tenho. É algo mútuo. Nos encontramos, vamos aos shows umas das outras… Sinto que durante todo esse tempo sempre estivemos juntas.

Alguma história legal com ela que você gostaria de compartilhar com a gente?

(E aqui ela nem demorou muito para lembrar. Logo já respondeu que sim e foi relatando um dos casos que já teve relacionado à Sabina)

Sim! Uma vez ela me convidou pra cantar no Wacken (Open Air, maior festival de música pesada do planeta, que acontece todo ano na Alemanha), e o Holy Moses ia tocar. Era uma tarde chuvosa e eu respondi que ‘sim, com certeza’. Era só um som, um cover chamado Too Drunk to Fuck (dos Dead Kennedys – assista no vídeo acima). Então, como me prontifiquei a ir, no caminho a Wacken (pequena cidade no interior da Alemanha), fui parada por uma blitz. Por causa de tanta gente indo ao Wacken e somente uma via na estrada, tinha trânsito. Vários fãs em carros, carros velhos. Aí disse pro policial que eu tinha que ir logo, ‘tenho que subir no palco’. Mas ele quis olhar o carro e ele estava meio nervoso. Fiquei implorando, ‘deixe-nos ir, deixe-nos ir’. Tinha muito trânsito e, no meu caminho ao Wacken, eu já sabia que a Sabina estava no palco. Faltava uns 80 quilômetros pra chegar. Depois disso, pedi pra dirigirem rápido pra chegar logo. ‘Preciso estar no palco, eu prometi pra ela!’ Então o motorista foi o mais rápido que pôde. Quando chegamos ao vilarejo de Wacken, pulei do carro e corri por uns 16 quilômetros, sabe, estava chovendo! A vila de Wacken é bem no interior, então tem bastante mato, vi algumas vacas, pasto. Consegui passar por tudo. Estava coberta de lama dos pés à cabeça, mas consegui! Subi no palco para a última música. A banda olhou pra mim e nem esperava que eu entrasse mais. Mas subi lá, coberta de lama e cantei a canção Too Drunk to Fuck. Fiquei muito feliz! Foi tão engraçado, tão Wacken!

Você conhece o funk carioca?

Ahm… err… Pode dizer de novo?

Se você conhece o baile funk (como é conhecido lá fora). É um som que teve origem no Rio de Janeiro, não como o funk original, e se espalhou por todo o Brasil.

Não tenho certeza… desculpe… Sei um pouco da comida (brasileira), mas não sou muito familiar a isso. Me desculpe. Deve ser interessante. Preciso conhecer! Fico muito em estúdios e nem sempre acabo conhecendo outras coisas novas como essa. Mas preciso dar um check nisso (risos).

Nós sabemos que você é amiga da boxeadora Regina Halmich e que você adora esse esporte. Mas você também curte o mundo do MMA?

Sim, sim! Adoro isso tudo! Sou uma grande fã. Sempre tento assistir a alguma luta. E, aliás, no próximo dia 25 de janeiro, cantarei para o campeão mundial Marco Huck. Cantarei Raise Your Fist in the Air (um de seus maiores sucessos) e vai passar na televisão. Será uma grande luta, passará em vários países. Vale o título mundial (da WBO, a Organização Mundial de Boxe). É o Marco Huck contra o Firat Arslan e, claro, estarei torcendo para o Marco Huck, e estou ansiosa para isso!

Gosta de todos os tipos de luta, então?

Sim, comecei a aprender uma luta que faz parte da raiz do kung-fu há mais ou menos um ano. Adoro artes marciais, boxe! Assisti o Muhammad Ali há muitos anos, na TV ainda preto e branco. Meu pai me acordava às duas da manhã e eu adorava. Esses mestres, como Muhammad, George Foreman, Sugar Ray Leonard, e todos esses caras.

Sabemos que não é o seu caso, mas qual a sua opinião sobre cantoras que abusam de sua sensualidade para atrair mais fãs?

Acho que a prioridade é a música, sempre tem que ser a música. Acho legal quando se tem ‘todo o pacote’: a música, a boa aparência, boas performances, boa presença de palco. Se você tem uma boa forma, acho legal, pela música. As performances ao vivo são das coisas mais importantes. Acho que, por exemplo, a moça da Gossip (banda americana de indie rock), Bette Ditto, ela é uma dos maiores exemplos que as moças não tem que ser muito magras e finas. Mas podem ser sexy e, embora ela não pareça com uma modelo de catálogo, penso que é mais importante que você passe a música de uma outra forma que seja atraente aos fãs. Que tenha algo especial. Talvez alguma coisa com bastante sentimento, bastante calor e, ainda acho, que se você é sexy, não é necessário se expor em sua performance. Apenas tente fazer o melhor. Não importa se você é alta, baixa ou magra, ou mais cheinha, você sabe, apenas aja como quiser, sinta-se bem consigo mesmo. Acho que quando se está bem com si próprio, acaba ficando sexy. Não precisa mostrar pele. Quando você se sente confiante, as outras pessoas sentem isso. Isso é legal, isso é realmente sexy.

Seja natural. E é importante ser feliz. Quando você é uma pessoa feliz, é aí que você faz os outros felizes. Quando você consegue mudar o humor alguém que não está bem, aí que é sexy. Agir naturalmente. Um grande sorriso. Isso que é ser sexy. Seja legal, trate as pessoas bem, com palavras boas. Não precisa tentar ser sexy ou mostrar o próprio corpo. É muito mais na sua atitude de vida. Se você tem uma postura positiva, isso é legal, isso é atraente.

Para fechar: o que os headbangers brasileiros podem esperar de sua terceira apresentação por aqui?

Queremos relembrar todos os maiores momentos desses 30 anos. Mandaremos músicas que nunca tocamos, uma delas eu acho que soa tão bem no álbum, tem tanto sentimento, energia. Todas essas são músicas de muita energia! Alguns sons mais oldschool, alguns hinos… Quero tocar as pessoas profundamente. Definitivamente iremos mandar algo do novo disco (Raise Your Fist – 2012), a canção Raise Your Fist in the Air e Revenge, que eu sei que são duas que os fãs gostam, soam muito oldschool, mas são bastante novas. E, com certeza, tocarei Here (também do CD mais recente), que é dedicada ao Ronnie James Dio, é muito emotiva e eu sei que muitos fãs gostarão. E, depois, é claro, também todas as clássicas, como All we Are, I Rule the Ruins etc. E depois do setlist, os fãs poderão pedir, gritar o quanto puderem, os sons que querem ouvir. Ouviremos as escolhas, as mais interessantes iremos tocar. Algumas que não ensaiamos e nem umas B-sides não entrarão. Mas as que eles pedirem, definitivamente vamos tocar. Quero estar ao lado dos fãs, balançar os corações de todos, com muito poder, energia, muita emoção e deixá-los felizes e que tenhamos um show inesquecível.

Será então pelo menos um som que você deixará o público escolher?

Isso! Será no coro, quando terminar o show. Deixaremos eles escolherem! Você sabe, qualquer coisa que não tenhamos tocado no setlist e que eles queiram ouvir!

(e ainda rolou uma despedida, com direito a palavras em português)

Foi muito legal falar com você e estou tão ansiosa para voltar ao Brasil! Mal posso esperar. Foi tão legal há alguns anos quando estive aí e agora tentaremos criar mais mágica! Obrigado! Tchau!

 

Serviço
Doro: 30 Years Strong and Proud
Data: 08/03/2014
Local: Carioca Club
Endereço: Rua Cardeal Arcoverde 2899 – Pinheiros
Abertura da casa: 19h
Inicio show: 20h
Classificação etária: a partir de 18 anos

Ingressos:
1º Lote
Esgotado
2º Lote
Pista Meia entrada = R$ 90,00
Pista Metal do bem = R$ 90,00
Pista Inteira = R$ 180,00
Camarote Meia entrada = R$ 140,00
Camarote Metal do bem = R$ 140,00
Camarote Inteira = R$ 280,00
3º Lote
Pista Meia entrada = R$ 100,00
Pista Metal do bem = R$ 100,00
Pista Inteira = R$ 200,00
Camarote Meia entrada = R$ 150,00
Camarote Metal do bem = R$ 150,00
Camarote Inteira = R$ 300,00
Na porta
Pista Meia entrada = R$ 110,00
Pista Metal do bem = R$ 110,00
Pista Inteira = R$ 220,00
Camarote Meia entrada = R$ 160,00
Camarote Metal do bem = R$ 160,00
Camarote Inteira = R$ 320,00


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Rainha do Metal, Doro comemora 30 anos de carreira com show no Dia da Mulher: ‘Será extraespecial’