O cantor Sebastian Bach concedeu uma entrevista exclusiva ao Virgula Música e, em meio ao sucesso de sua carreira solo, contou um pouco mais da emoção de se apresentar no Rock in Rio deste ano, o que o coloca, em sua visão, um degrau acima de sua antiga banda. O ex-Skid Row ainda abusou do lado romântico e falou do amor por sua noiva e até deu dicas para quem está começando uma carreira na música.

“É uma grande honra tocar no Rock in Rio. Dividir o mesmo palco com Metallica e Alice in Chains é incrível para a minha banda solo e, meu Deus, é uma grande conquista” – lembrando que ele estará com as bandas citadas por ele mesmo em 19 de setembro, mesmo dia de Sepultura, Ghost, Rob Zombie, Dr. Sin e outras.

O cabeludo continuou a falar da esperada apresentação no festival carioca que, para ele, surge para firmar ainda mais seu nome no cenário do heavy metal mundial.

“Serve para estabelecer ainda mais a minha carreira solo e colocar no mesmo patamar, ou até maior, que o Skid Row. Significa muito para mim”, disse, sem esquecer do grupo o qual explodiu para o mundo, no fim dos anos 1980 e sobreviveu durante anos com ele nos vocais (tocou inclusive no Hollywood Rock 92), mesmo com a cena grunge despontando e se afirmando.

Aos 45 anos, Sebastian vê como um grande avanço voltar ao Brasil para se apresentar no maior festival de música da América Latina. Com passagem recente no país, o frontman apresentou-se com muito êxito nas capitais gaúcha e paulista em abril de 2012. A procura de ingressos em São Paulo foi tão grande que tornou necessária a marcação de mais uma data, e que lotou novamente a casa que o recebeu, o Carioca Club.

O local em questão não é, porém, das melhores lembranças para o artista, que na saída de uma das apresentações, passou em meio aos fãs e causou alvoroço. No meio do empurra-empurra, puxaram até seu cabelo, e isso é inadmissível para a sua imagem, diga-se.

“(Naquele dia) saiu do controle. Acho que não deveria tocar em lugares pequenos como aquele, em uma cidade como São Paulo. Devo tocar em locais maiores”, lembrou ele que já agitou o público do antigo estádio Palestra Itália com cerca de 40 mil pessoas, mesmo com mais de três horas de atraso, quando abriu a turnê do Guns n’ Roses em 2010 (veja no vídeo abaixo).

Para Bach, tem que ser aplicada a regra da proporção, se o assunto for a fama conquistada no cenário musical.

“Se eu toco no Rock in Rio, no mesmo palco que o Metallica, e depois vou tocar em um lugar menor, como no Carioca Club, não faz sentido. Devo tocar em locais maiores em São Paulo. Quando você toca em locais menores, fica tudo muito mais louco, fica mais louco até pra andar no lugar (risos). Não é tão bom”, opinou, sem desprezar o local que o receberá novamente três dias depois do festival carioca.

Com mais de 20 anos de estrada, Sebastian Bach vê o rock como atemporal, que atravessa décadas e, em seus estilos favoritos, não tem plateia marcada.

“Uma coisa que eu sei é que o hard rock e o heavy metal podem viver por gerações. Uma banda como o AC/DC ou o Iron Maiden são, hoje, maior do que jamais foram, e só ficam maiores e maiores e maiores. E eles não tocam só para o pessoal de 35 anos, tocam para uma cidade toda (risos). Entendeu? Uma cidade toda!”, exclamou e citou os exemplos de dois dos maiores monstros do rock.

Mostrando-se atento às mudanças e à cena, aprendeu as lições que só o tempo ensina. E, em seu caso, até algumas catástrofes foram necessárias. Em 2010, teve um divórcio difícil e, no ano seguinte, sua casa varrida por um furacão na cidade de Nova Jersey. Agora, Tião – como é chamado pelos fãs brasileiros – está com os calos que a vida lhe deu e não dará espaço para que atrapalhem o continuar de sua carreira e o relacionamento com o seu novo amor, a modelo indiana Minnie Gupta (foto abaixo), com quem está há cerca de três anos.

Ainda em forma, com o cabelo sempre impecável e dono de um estilo consagrado, sabe hoje como driblar as tentações que um dos maiores símbolos sexuais dos anos 1990 tem ainda que “enfrentar”, digamos. O fim de sua união com Maria Bierk, por exemplo, é citado por ele como obra de irresponsáveis, que usaram seu nome de forma indevida, o que abalou as estruturas de seu casamento com Maria, com quem namorava desde a época de colégio.

“É uma questão difícil, tenho que te dizer. Esse trabalho é lugar para fanáticos. E algumas vezes as coisas vão longe demais. Aí vão na Internet e dizem coisas horríveis e tentam atrapalhar a minha vida particular. Fui casado por quase 20 anos, perdi toda a minha família e meus filhos por causa dessa porcaria e não vou estragar mais nada (com isso). Essas pessoas sabem o que fizeram comigo na Internet ou qualquer outro meio, tentando atrapalhar minha vida pessoal, e elas conseguiram. Para você ver como isso é louco. Um homem sempre pode aguentar até um ponto. Perdi minha casa em um furacão, perdi meu casamento, perdi meus filhos, perdi meu pai, perdi minha banda e quando você me vê apaixonado por Minnie, te digo que não vou perdê-la! Estou muito cansado de perder as coisas! Basta para mim. Eu ajo dessa forma agora”, desabafou.

Em tempo, seu pai foi o artista plástico pós-moderno David Bierk, falecido em 2002 e que desenhou a capa do disco mais clássico do Skid Row, Slave to the Grind, de 1991, além de ter outra de suas obras utilizada no primeiro álbum de inéditas da carreira solo do filho, Angel Down, de 2007.

Assim, o cantor reúne agora a experiência necessária até para dar dicas, por que não? Para ele, um músico de verdade tem que dominar sua ferramenta de trabalho, fazendo-a extensão de seu próprio corpo.

“Você tem que aprender a tocar o seu instrumento de forma correta, ter aulas e entender o seu instrumento. O jeito que eu canto não é o mesmo de um cantor típico de heavy metal. Eu não grito, berro e urro todo o tempo do jeito que faço em alguns shows da Broadway, em algumas músicas, por exemplo”, detalhou o dono de vocais agudos, mas que sabe também mudar o tom, como já fez em musicais da Broadway que participou, como The Rocky Horror Show.

Em resumo: “Se você cantar direito, ou tocar o seu instrumento direito durante anos, anos e anos, você se torna o instrumento em si. E por isso que eu digo para que se aprenda o funcionamento do instrumento da forma correta”.

Além da voz, marca registrada em sua carreira, Sebastian contou quais foram as melhores músicas que já escreveu.

“Provavelmente é In a Darkened Room, Kicking & Screaming e Slave to the Grind, essas três”, numerou, mas sem listar outros clássicos como Quicksand Jesus, Wasted Time, 18 and Life ou Piece of Me, e a canção que sempre toca em suas apresentações até hoje. Mas não deixou de responder quando lembrado.

I Remember You é uma canção que significa muito para toda uma geração, e é muito, muito popular (risos)”, abreviou-se, sem perder o carisma – talvez por achar esta uma carta marcada em seu consagrado repertório.

Serviço: Show em São Paulo
Produtora: Dark Dimensions
Dia: 22 de Setembro de 2013 (domingo)
Local: Carioca Club
End: Rua Cardeal Arcoverde, 2899
Hora: Portas – 18h / Sebastian Bach 20h
Ingresso online: www.ingressosparashows.com.br 
Pontos de venda: loja Lady Snake (Galeria do Rock) e bilheteria do Carioca Club
Valores: R$ 90,00 (estudante/pista), R$ 110,00 (promocional antecipado/pista), R$ 220,00 (camarote promocional – últimas unidades no Carioca Club)
Classificação etária: 15 anos


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Sebastian Bach anseia show no Rock in Rio e fala em superar antiga banda: ‘Estou cansado de perder as coisas’