Mental Abstrato em foto de Felipe Gabriel

Oito anos depois do último trabalho, o Mental Abstrato lança seu segundo disco. O trabalho dedica-se à essência do hip-hop e caminha pelo samba jazz, neo soul, broken beat e os diversos gêneros de matriz africana.

O lançamento rola nesta quinta (6), no Sesc Pompeia. “Uzoma”, do dialeto africano Igbo, significa “o bom caminho a ser percorrido”.

Para o show de lançamento, o trio integrado por Omig One (percusão, beats), Calmão (beats) e Guimas Santos (baixo, bateria), contam com as participações especiais da lendária cantora Claudya, Rodrigo Brandão, Karla da Silva e o trombonista Bocato, acompanhados também pelos músicos Marcelo Monteiro (sax barítono e flauta), Richard Firmino (trompete), Sintia Piccin (sax alto ), Gil Duarte (trombone, flauta e voz), Thiago Duar (guitarra), André Juarez (vibrafone) e Mauricío Orsolini (teclados).

Leia nossa conversa com o Mental:

De onde vem o som de vocês?
Omig One – Vem da nossa vivência nas ruas de São Paulo, oriundo dos subúrbios da ZL e ZN, para o Centro também, onde sempre passamos a maior parte, reuniões de botecos e madrugadas. Vem da cultura de rua num todo, principalmente o movimento hip hop e o skate, como escola suprema.

Que características diferem a nova música instrumental brasileira dos grandes heróis do passado?
Omig – Na minha opinião, acho que as mudança se dão mais na questão estética, por conta dos recursos tecnológicos que temos hoje e de fácil acesso por todos, que nos possibilita também quebrar alguns padrões e formas que sempre foram pré-estabelecidas.

Até então, nunca utilizamos bateria acústica nos shows, mantendo a MPC como coração da banda, passando por vários preconceitos nas primeiras impressões, pois a galera do jazz tradicional ainda é muito conservadora, mas no final das contas acredito que o propósito dos mestres do passado e os nossos ainda é o mesmo: fazer música de qualidade e atemporal para a prosperidade.

O que tá rolando de mais interessante na música hoje, na sua opinião?
Omig – Eu vejo muito forte o protagonismo da música preta contemporânea e oriunda dos guetos de todas partes do mundo e fico muito feliz por isso. Aqui no Brasil, por exemplo, fora do eixo São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, vem se revelando a cada dia uma nova cena e artistas fantásticos, quebrando o estereótipo que sempre tiveram sobre a música e produção cultural de lá.

Que características crê que sejam mais marcantes da sua geração?
Calmão – Sou da geração de 80, até meus 14 anos mais ou menos, escutei bastante música em vinil, gravei muita fita com o que rolava nas rádios e videocassete com os clipes. Vi o surgimento do CD, computador, MP3. Acredito que uma das características que marca a geração de 80 é termos vivenciado o final do “velhos tempos” e estarmos vivenciando os “tempos modernos” fortemente. E não é só na tecnologia, é nos conceitos, nas ideologias, na vida em geral.

Crê que exista algo na sua música que seja específico do seu lugar de origem?
Guimas St –
Sim! A música pode vir de qualquer lugar que você quiser que exista. Eu faço música de onde nasci e vivo. Música preta de essência africana. Eu creio que foi onde tudo começou..

Quais são suas referências estéticas?
Guimas – Arte, desenho, rabisco, pixo skate, rolês, conversas de boteco e assim vai. Vou me inspirando pela cidade.

Quais são seus valores essenciais?
Calmão – Amor, família, arte, espiritualidade e ancestralidade.

SERVIÇO

Mental Abstrato lança UZOMA no Sesc Pompeia
Dia 06 de setembro, quinta-feira, às 21h30

Ingressos: R$6 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$10 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$20 (inteira).

Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 18 anos.

Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93. Não tem estacionamento.

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Créditos: Caroline Lima

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'Vemos protagonismo da música preta', diz Mental Abstrato