Após mais de um ano do suicídio do filho, a inglesa Lesley Roberts dividiu com o mundo sua história a pedido dele. Alex Hardy tirou a própria vida após sofrer com complicações depois de uma circuncisão. “Saiba que eu fui em paz e agora estou em paz, o que era impossível depois desta mutilação. Eu morri em 2015, não foi agora”, escreveu em um email enviado à mãe após sua morte, em novembro de 2017.

Alex tinha 23 anos, morava no Canadá e não tinha histórico de doenças mentais. Mas, no email, ele explica o efeito que a circuncisão, que ele chama de “mutilação genital masculina”, teve em sua vida. O procedimento é uma remoção cirúrgica da pele que cobre a cabeça do pênis, que é chamada de prepúcio.

Segundo a BBC, Lesley não sabia que o filho havia passado pela cirurgia. Ele explica que tinha um estreitamento do prepúcio desde o fim da adolescência e que “gerava problemas na cama e causava alguns momentos constrangedores”. Ao buscar um médico, ele começou um tratamento com uma pomada para alongar o prepúcio, mas após não ver resultados foi encaminhado ao urologista. Na época, passou pela cirurgia de fimose: “eu estava confiando principalmente no fato de que ele era o especialista e que sabia mais sobre o assunto, então, mesmo com o pé atrás, aceitei”, explica.

Após o procedimento, ele diz que sua vida foi “destruída”. “Ficou claro que o que acabara de acontecer tinha sido uma catástrofe”, escreve no email. Alex explica que sentia estimulação constante na cabeça do pênis em contato com as roupas e que esta sensação não diminuiu com o tempo, como havia sido dito pelo médico. Além de passar a sofrer com disfunção erétil, coceira e sensação de queimação.

“Imagine o que aconteceria com o globo ocular se a pálpebra fosse amputada? Eu sentia muita dor porque as atividades físicas normais machucavam”, diz. E, continua: “se alguém amputar o seu clitóris, pode ser que você consiga entender como me sinto. Onde havia um órgão sexual, agora eu tenho um órgão adormecido e fracassado”.

O jovem termina o email dizendo que gostaria que mais meninos falassem sobre o assunto, que ele não conseguiu comentar nem com a família nem com os amigos. “Não me senti à vontade para levantar a questão quando tive oportunidade, então, se a minha história puder aumentar a conscientização e quebrar esse tabu dentro da sociedade em relação à saúde dos homens, fico feliz em divulgar minhas palavras”.

Menstruação no mundo

Munyes, 44 anos, Uganda - faz um buraco no chão e senta em cima para drenar o sangue da menstruação
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Créditos: Reprodução / WaterAid

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