A atriz americana Angelina Jolie declarou hoje que “seria uma vergonha se pressões injustas, baseadas em informações incorretas” a impedissem de rodar na Bósnia seu primeiro filme como diretora, uma história de amor alvo de críticas das mulheres vítimas da guerra.

Através de um comunicado do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), a atriz americana declarou que quer se reunir com a associação “Mulher vítima da guerra”, que fez o protesto que levou às autoridades da Bósnia a cancelar a permissão de filmagem.

“Eu gostaria que me dessem a oportunidade de falar com eles pessoalmente para esclarecer qualquer mal-entendido sobre este projeto”, afirmou Angelina.

O ministro da Cultura e vice-presidente do Governo comum entre muçulmanos e croatas, Gavrilo Grahovac, anunciou na quarta-feira que o filme não poderá se rodado em nenhuma localidade da Bósnia.

A associação alegou ter informações de que o roteiro trata de uma mulher bósnio-muçulmana que se apaixona por um soldado sérvio que a estuprou, um argumento que consideraram ofensivo e traumático.

A presidente da associação, Bakira Hasecic, pediu explicações às autoridades sobre a permissão dada a Angelina para rodar o filme, embora reconheceu não ter lido o roteiro.

“Espero que as pessoas não julguem o filme antes de vê-lo. Decidi rodar nesta região e usar este período histórico para lembrar o que ocorreu em um passado não tão distante às vítimas que sobreviveram à guerra”, disse a atriz, que é embaixadora da boa vontade da Acnur.

O produtor de cinema Edo Sarkic, que colabora com Angelina no filme, declarou que as autoridades asseguraram que as gravações na Bósnia serão autorizadas novamente.

Srakic relatou que há um mês prepara os locais escolhidos para as filmagens e que “muito dinheiro foi investido”. “Agora não pode haver outra decisão (além de permitir as gravações), porque caso contrário alguém deverá sofrer consequências”, acrescentou o produtor.

O ator bósnio Fedja Stukan, que participa do filme, declarou que não há nenhuma “bósnia louca que se apaixona por seu estuprador”.

O roteiro do filme de Angelina não foi divulgado ainda, mas a atriz disse em agosto passado, em uma visita à Bósnia, que não teria caráter político e seria uma história de amor de um casal que já se conhecia desde antes da guerra e que teria dificuldades na relação por conta do conflito.

Há algumas semanas, a atriz iniciou as gravações do filme na Hungria e tinha previsto rodar na Bósnia ainda neste outono (hemisfério norte).


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Angelina Jolie defende primeiro filme como diretora de críticas na Bósnia