Terceiro dia do Coachella 2014


Créditos: Getty Images

Paul McCartney enfrentando uma névoa de areia com um sorriso no rosto, Paris Hilton fritando debaixo do sol ao lado de reles mortais, Jared Leto tomando uma cerveja com amigos usando uma camisa havaiana. Cenas assim só são possíveis no Coachella Valley Music and Arts, festival de música que fincou bandeira no deserto californiano em 1999 e hoje é um dos maiores e mais relevantes do mundo, tanto para artistas quanto para o público.

Para as bandas, tocar no Coachella é a consagração, seja para artistas no começo da carreira, como rolou com as irmãs Haim, ou para veteranos, como Bryan Ferry. Como disse Ian Astbury, vocalista do Cult, “finalmente somos bons o suficiente para o Coachella”. Os três tocaram na sexta (11), dia que abriu o primeiro fim de semana do Coachella 2014.

É no Coachella que o público ganha surpresinhas como a aparição de Beyoncé no show da irmã, Solange, de Mary J. Blige, que deu pinta no show do Disclosure, ou ainda de Jay-Z, que surgiu no show do Nas. Guloso, Pharrell Williams levou logo uma penca de amiguinhos pro palco: Nelly, Snoop, Gwen Stefani, Diddy e Busta Rhymes.

É no Coachella que todo mundo quer estar, seja nos palcos ou no gigantesco gramado do Empire Polo Club, em Indio, onde acontece o festival.

Desde 2012, o Coachella se repete ao longo de dois finais de semana, tamanha a sua grandiosidade e a quantidade de gente doida para estar ali. Os ingressos se esgotam em minutos.

Só vivendo a experiência Coachella é possível entender o que faz Paul McCartney, Beyoncé, Paris Hilton e outras 70 mil pessoas estarem ali por dia. Coachella é a Woodstock politicamente correta da nossa era, e não há poeira fumegante do deserto que entre no caminho de quem quer viver, pelo menos por um fim de semana, a sensação de poder fazer (quase) tudo o que der na telha, turbinada pela melhor trilha sonora do planeta. Não importa muito o seu gosto musical, no meio dos quase 180 shows do fim de semana, certamente você será bem servido.

O espírito paz e amor meio adolescente que aflora é amparado por uma infraestrutura impressionante. Num espaço com seis enormes palcos, além de lojas, puxadinhos para tomar bebida alcóolica (os americanos são megarrígidos com a verificação de idade para vender birita), roda gigante, acampamento, área de jogos e espaço até para ioga, é impressionante como tudo funciona perfeitamente.

Os funcionários não apenas são eficientes, como são animados. Na entrada do festival, por exemplo, estão lá, sorridentes, distribuindo hi-fives e protetor solar para quem quiser.

A atmosfera meio hipponga contamina o comportamento das pessoas lá dentro. Nos três dias intensos de festival que esta repórter acompanhou, nenhum esboço de briga. Ao contrário, as pessoas são extremamente gentis, mesmo diante das piores filas. No Brasil, certamente passariam por bobas.

Pra nós, brasileiros, o paralelo mais próximo pra entender o Coachella seria o Carnaval. Mas aqui no deserto a celebração tem bem menos sacanagem. Vi muitas meninas quase peladas, andando tranquilamente pelo festival. Ninguém as incomoda. Assim como vi meninos hétero vestidos de cosplay de Clóvis Bornay. Não são menos “machos” por causa da roupa.

No deserto do Coachella, tudo pode, desde que não interfira na liberdade do próximo. Uma aula de civilidade. Uma aula de música. Na próxima sexta (18), começa tudo de novo. Anima?

Meu top 20 de melhores shows do Coachella 2014? Bryan Ferry, Disclosure, Beck, Queens of The Stone Age, Kate Nash, Haim, Woodkid, Darkside, The Cult, Holy Ghost, Solange, Arcade Fire, Art Department, RL Grime, MGMT, Pharrell Williams, Damian Lazarus, Pet Shop Boys, Outkast, Broken Bells.

Meu top 21 shows que queria ter visto e perdi: Girl Talk, Chromeo, Austra, Jaguar Ma, The Replacements, Laurent Garnier, Maceo Plex, Afghan Whigs, Bonobo, Dixon, Nicolas Jaar, Laura Mvula, Mogwai, Tiga, STRFKR, Little Dragon, Toy Dolls, Courtney Barnett, Motorhead, Preservation Hall Jazz Band, Duck Sauce.

Top dica pra quem vai: fique num hotel em Palm Springs, que é a cidade mais bonita e tranquila do vale, e alugue um carro. Pode ser o pangaré mais barato da locadora, só não fique na roubada que nem eu (você vai acabar gastando rios de dinheiro em táxi, já que ninguém usa transporte púbico por ali, nem adianta tentar pegar ônibus). Mesmo que você compre o bilhete para usar as vans que vão e veem do Coachella, sem carro você ficará ilhado no seu hotel durante o dia. Outra opção é alugar uma bicicleta, pra quem estiver no shape – lembre-se que a temperatura no deserto passa facilmente dos 40 graus.

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