Polêmicas à vista com o filme Exodus: Gods and Kings – espécie de refilmagem do filme de 1961. O diretor Ridley Scott comanda a nova versão, contando a história de Moisés e dos faraós egípcios. Mas, segundo o site Digital Spy, a produção vem enfrentando acusações de racismo.

Rumores falam em um “embranquecimento” do filme, cuja produção estaria relegando atores mouros ou negros a papéis subalternos, e privilegiando atores brancos como protagonistas – um disparate, considerando que o filme se passa no antigo Egito.

O estopim da discussão foi a reclamação do escritor David Dennis Jr., que publicou um artigo no site Medium onde dispara ferozes acusações contra o filme. “Exodus de Ridley Scott é racista e é uma m….”, escreveu ele. “É nojento, preguiçoso e é um filme que as pessoas não deveriam ainda estar fazendo em 2014”.

David justifica sua opinião, afirmando que todos os personagens centrais do filme são interpretados por atores brancos – incluindo Moisés (vivido por Christian Bale), Ramsés (Joel Edgerton) e a rainha africana Tuya (Sigourney Weaver). Ao mesmo tempo, atores negros fazem papéis de escravos, servos, ladrões e vilões.

“Esses personagens que são africanos, não estão nem mesmo bronzeados no filme. Estão brancos como pérola”, continuou David, após assistir ao trailer do filme. “Não apenas todos os papéis centrais são com atores brancos, mas todos os servos, escravos, ladrões e assassinos são interpretados por africanos. Isso é racismo”.

O escritor, documentarista e jornalista Tariq Nasheed concordou com as afirmações de David sobre Exodus praticar “colonialismo cinematográfico”, e escreveu no Facebook: “O elenco deste filme é ridículo. Quando vi que Sigourney Weaver interpreta uma rainha africana, pra mim bastou”.

O assunto estourou nas redes sociais, e milhares de pessoas já concordam com as opiniões dos escritores, e propõem um boicote ao filme quando este estrear nos cinemas.

E até o astro do filme, Joel Edgerton, apoiou tais reclamações. “Não é meu trabalho tomar essas decisões”, disse o ator australiano em entrevista ao site SBS na noite de encerramento do Festival de Cinema de Melbourne. “Fui convidado para fazer este trabalho e seria muito difícil recusar. Mas tenho de dizer que sou sensível a esse assunto, entendo e concordo com essa posição”, disse ele.

O assunto deve ainda render muito pano para manga. Vale lembrar que há 45 anos, em 1969, a TV Globo foi duramente criticada por escalar um ator branco (Sérgio Cardoso) para interpretar um personagem negro na novela A Cabana do Pai Tomás. Sérgio atuava usando pesada maquiagem que escurecia o tom de sua pele, para “transformá-lo” num velho negro do sul dos EUA no final do século XIX.

Assista ao trailer de Exodus:


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Exodus, de Ridley Scott, é acusado de promover "embranquecimento" e desvalorizar atores negros