O engajamento político da cantora Fafá de Belém durante a campanha Diretas Já vai ser tema de documentário. O Diretas Já foi um movimento popular que reinvidicava eleições presidenciais diretas no Brasil, que aconteceu entre 1983 e 1984.

Dirigido por Belisario Franca, o documentário musical irá mostrar a participação de Fafá em dezenas de comícios. Na época, Fafá participava dos comícios cantando, além de circular entre nomes fundamentais da política nacional, como o ex-presidente Lula. 

Produzido pela Giros, o longa-metragem está autorizado pela Ancine a captar R$ 1,4 milhão e tem previsão de estreia para outubro de 2014. Virgula Diversão conversou com a cantora por telefone nesta quarta-feira, (27) data em que um dos 41 comícios completa 20 anos, para falar sobre o projeto.

Virgula: Como surgiu a ideia de contar essa história no cinema?
Fafá de Belém: Primeiro eu ia fazer um livro sobre as diretas, contar as coisas que vi. Fiz shows em todos os comícios e estive em todas as manifestações. Eu tinha 27 anos na época, era uma jovem. Mas vivi tudo de dentro e de fora, vi os bastidores da campanha.

Passados 30 anos do Diretas Já, como avalia o movimento?
Foi um momento único do Brasil, no qual todo um povo se uniu pacificamente e tomou posse da cidadania democraticamente. Estávamos em busca da democracia, não havia um partido que fosse dono.

As manifestações que tomaram conta do país em 2013 te motivaram a fazer o projeto acontecer?
Quando vi esses meninos na rua, eu estava fora do Brasil, mas parecia uma reedição do que eu vivi. As ruas foram se enchendo aos poucos, para a chegar a 1 milh”ao e até mais. Nas diretas, a ponte entre o governo e o povo eram os artistas, os intelectuais, os jornalistas.

Havia violência e repressão da polícia durante as Diretas?
Não tinha black bloc, não tinha infiltração. Nós planejávamos e orientávamos a não sucitar qualquer tipo de provocação, era uma caminhada absolutamente pacífica e de alegria. As pessoas batiam panelas nas janelas, virava uma grande festa, o que é inusitado. Mas enfrentamos o regime sem provocação. Para mim, na época, mostrava um amadurecimento político. A democracia precisa de olhares de todos os lados.

E como você avalia a repressão da Polícia Militar durante as manifestações de 2013?
Foi uma surpresa para todos, a policia realmente não estava preparada e não sabia como agir.

E a resposta da presidente Dilma Rousseff e de outros governantes em relação aos atos, acha que houve algum progresso?
Ninguém sabia para que direção caminhar. Mas tiveram conquistas. Mas se não houvesse violência, teríamos conquistado outras coisas, pacificamente.

Para terminar: independentemente de partidos, você está mais à direita, à esquerda ou no centro?
Graças a Deus eu nunca fui de direita, até porque sou canhota [risos].


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'Graças a Deus nunca fui de direita', diz Fafá de Belém