Orange Is The New Black


Créditos: Orange Is the New Black

No fim dos anos 90, a empresa norte-americana Netflix quebrou barreiras ao começar a oferecer filmes e programas pela internet. Nos últimos dois anos, ela passou a não só distribuir material alheio, mas também produzir séries originais. A mais nova arma da empresa, em seu objetivo de mudar a forma com que as pessoas consomem entretenimento em casa, é Orange Is the New Black, sua nova série, sobre mulheres presidiárias. Em um evento de apresentação do programa, realizado na segunda-feira (16) em São Paulo, Piper Kerman, roteirista e autora do livro que inspirou a série, falou sobre as vantagens de produzir para uma plataforma “on demand”.

Para a escritora, enquanto nos bastidores das séries de TV há pressão criativa constante, uma vez que os episódios são transmitidos semanalmente, os criadores de séries da Netflix têm a vantagem de poder produzir uma temporada inteira antes de levá-la ao ar, de uma só vez. “Uma das coisas mais empolgantes em relação à forma com que a Netflix trabalha é seu compromisso com a visão criativa de uma temporada inteira. Isso dá às pessoas de criação a liberdade de ver sua visão realizada, sem ter de se preocupar com o semanal. Isso resulta em melhores histórias”, opina Piper.

Orange Is the New Black é inspirado no livro homônimo da autora, que narra sua experiência de 15 meses na prisão, depois de ser detida por lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. Questionada sobre o quanto dela mesma pode ser vista na série, por meio da protagonista Piper Chapman (Taylor Schilling), a autora fez questão de lembrar que o programa é uma adaptação da obra. “Há grandes diferenças. Várias das linhas da história são muito diferentes do que aconteceu de verdade. Piper Chapman não é a mesma pessoa que eu. Os roteiristas criaram novos personagens e belas histórias para eles”, explicou.

No seriado, criado por Jenji Kohan (Weeds), o ator Jason Biggs (American Pie) vive o noivo de Piper Champman, Larry Bloom. O artista, que em 2011 participou da série Mad Love, também vê com bons olhos o novo formato de séries on demand, em que os espectadores podem assistir “ao que querem, quando querem”. “Estamos quebrando novos paradigmas aqui. Ninguém vai me dizer quando eu vou assistir ou quanto tempo eu tenho de esperar para assistir. Esse é o futuro e é revolucionário”, diz.

Para ele, esse formato de entretenimento também afeta positivamente o conteúdo dos programas. “Uma coisa importante do modelo da Netflix é que ele é muito receptivo à resposta dos espectadores e à interação. A internet é um lugar muito social. As pessoas dão muito opiniões por meio dela. A Netflix está respondendo aos hábitos dos espectadores. O programa está saciando um apetite de um público que já existe, baseado em dados que eles já têm”, afirma.

“Eles confiam em certos diretores e roteiristas específicos para fazerem os programas, a quem é oferecida uma liberdade que normalmente não têm. E isso chega até os atores, no set. Nós sentimos essa liberdade, sentimos que fazemos parte de algo especial”, diz, sobre o modelo de produção de séries da Netflix. “Outra coisa importante é que sentimos que estamos gravando não uma série, mas um filme de 13 horas. Sentimos que a série foi feita de uma forma que possa ser consumida em sua totalidade. Foi uma forma interessante de construir nossos personagens”, diz.

Além de Orange Is the New Black, que já tem uma segunda temporada confirmada, a Netflix já produziu a série de humor Lilyhammer, o drama político House of Cards, estrelado por Kevin Spacey, e a quarta temporada da comédia Arrested Development, com Michael Cera. O objetivo da empresa, de acordo com seu diretor de conteúdo, Ted Sarandos, é passar a produzir ao menos cinco séries originais por ano.


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Para autora de Orange Is the New Black, modelo de séries da Netflix permite melhores histórias