Rodrigo Santoro, Alinne Moraes e diretor de Heleno divulgam filme em São Paulo


Créditos: gabriel quintão

Em boa fase de sua carreira – premiado no ano passado por Meu País e com filmes em Hollywood em andamento – o ator Rodrigo Santoro divulgou Heleno, cinebiografia do jogador brasileiro de futebol dos anos 40 que estreia no dia 23 de março, aos jornalistas em São Paulo. Sob as declarações recentes de que não iria mais fazer novelas e dedicar-se inteiramente ao cinema, o ator comentou seu envolvimento de cinco anos com o projeto, a dieta para viver o personagem e se emocionou ao falar do mineiro Maurício Tizumba.

“Tizumba é um grande artista mineiro, um ser humano incrível. Toca, canta, compõe, é poeta, filósofo… até cachaça ele faz”, elogiou. É com ele que Santoro divide várias cenas em que Heleno está no hospício de Barbacena e também um dos momentos mais emocionantes do cinebiografia do jogador. “Ele foi um alimento incrível. Foi muito natural e foi tocante a nossa relação desde o começo. Ele veio com um amor, um carinho e a gente nem se conhecia. No primeiro contato, ele me olhou, me deu um abraço. Senti tanto calor, tanto amor e pensei: é o cara que vai cuidar de mim”, emendou. “Tive que me segurar na gravação das últimas cenas”, confessou emocionado.

Ainda pouco conhecido hoje, Heleno foi um popular jogador do Botafogo nos anos 40 e considerado o primeiro “craque-problema”. Advogado, de boa família, galã, boa vida, mulherengo, mas com uma personalidade agressiva que acabou o levando a perder tudo e terminar sua vida em um hospital psiquiátrico. “Não conhecia o Heleno e não sabia que ele era do Botafogo, porém tinha ouvido falar que era um grande jogador. Acho que a minha geração não conhece. Então foi um das razões que nós consideramos para fazer o filme”, disse Santoro. “Mas quando contei para o meu avô, que tem 95 anos e é Botafogo de Ribeirão Preto, ele começou a chorar. Disse que ele jogava muita bola, mas gostava de confusão”, contou.

Para encarnar o personagem, Santoro mergulhou na vida do jogador e passou cinco anos envolvido com sua história. “Quando o (Henrique Fonseca) começou a falar do Heleno e o Rodrigo Teixeira (produtor) veio com a ideia, nós começamos a pesquisar a vida dele, a biografia e um outro livro da década de 70 e fotografias. Chegamos a entrevistar as pessoas para conhecer melhor o mito. Foi uma história muito marcante para o futebol brasileiro”, revelou. Santoro disse ainda que treinou seu futebol por um mês e meio para parecer convincente em campo. “Deu para dar uma melhoradinha no meu futebol”. E para dar mais realidade à fase decadente de Heleno, a produção parou 40 dias para o ator emagrecer. “Só comia alface e salmão, era o Homem Alface”, brincou.

Paralelos

Ao “entrar” na vida do jogador, Santoro confessou que pôde compreender seu comportamento e até buscar semelhanças na própria personalidade para compor sua versão. “Ele tinha muito talento e gostava de se relacionar com a plateia. Ficava enfurecido a cada gol”, disse o ator. “Apesar de não achar que pareço com o Heleno, a minha personalidade, minha forma de ser, acredito que ninguém é bom ou mau. Temos tudo dentro de nós. Então tive que buscar a raiva dentro de mim e colocar para fora. A inspiração veio de todo o processo, toda pesquisa. É um personagem que me exigiu muito, me provocava”, contou.

Quando perguntado sobre a semelhança de Heleno com outros “jogadores-problema” como Adriano, o diretor José Henrique Fonseca disse: “Na coletiva no RJ compararam ele com o Jobson, mas eu acho que os tempos são outros. Ele pode ser considerado, sim, o primeiro jogador-problema e deve ter alguma semelhança com Adriano, Edmundo, no caso de jogar bem e ser mantido no time porque dá bons resultados”. Já Santoro acredita que ele tem um pouco de cada. “Ele já tinha muita atitude e jogava em uma época que o futebol não tinha a proporção que tem hoje. Não era bacana ser jogador. Ele era de família rica, então era jogador porque gostava do esporte e era bom de bola”.

Santoro falou ainda sobre a diferença entre o futebol nos anos 40 e o de hoje. “A grande diferença é a mídia. Hoje o futebol está no holofote, tomou uma proporção gigantesca. Naquela época não era tão bacana como é hoje”, concluiu.


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Rodrigo Santoro divulga Heleno em SP e se emociona ao falar de ator mineiro