Está sem grana para viajar, mas não para de pensar nas milhões de experiências que esse mundão tem para oferecer? Duas coisas podem te ajudar, e muito, a colocar em prática as viagens dos sonhos. Primeiro, a maneira como você viaja. E, segundo, a economia colaborativa. Como?

Turismo

Já reparou que o mercado de turismo está mudando e as pessoas tem se tornado mais viajantes do que turistas? Muita gente cai na estrada para viver os locais de acordo com seu perfil e não somente vê-los. Se você prefere este tipo de viagem, o mercado está cheio de oportunidades mais em conta para oferecer. 

E, muitas delas, fazem parte do que chamamos de economia colaborativa. Ela acontece quando as pessoas trocam, alugam ou compartilham seus bens para lucrarem, ajudarem ou simplesmente fazerem do mundo um lugar melhor. O objetivo é que, no fim, o maior número possível de pessoas saia ganhando.

Juntando, então, estas duas coisas na bagagem é possível viver experiências riquíssimas longe de casa ao trocá-las por algo de valor que você tem. E, de valioso, não estamos falando das suas economias, mas dos seus talentos. Sabia que é possível trocar suas habilidades por hospedagem em inúmeros destinos? Esta prática se chama Work Exchange ou, em português, estadia solidária.

Como funciona?
Funciona da seguinte maneira: uma empresa ou família precisa de um serviço específico e, em troca de alguém para fazê-lo, oferece uma cama e às vezes refeições durante alguns dias na semana especialmente para viajantes.

Por exemplo, você pode conhecer o Canadá e trocar acomodação por algumas horas cuidando daqueles huskies siberianos lindos que puxam trenós. Ou passar um tempo na Islândia ajudando em plantações de morangos. Dá para cuidar de animais de uma fazenda no Havaí e ter um bangalô para chamar de seu. Na Tailândia, é possível trocar estadia por trabalho em projeto que trata elefantes e, na Austrália, dá para cuidar de cangurus órfãos por um período, enquanto conhece o país no restante do tempo. Na França, existe a chance de dormir em um castelo enquanto ajuda na produção de vinho. Já imaginou?

Nas versões mais comuns de Work Exchange, você pode se hospedar em casas de família e, em troca, cuidar dos animais de estimação enquanto os donos estão fora. Outra troca muito popular é trabalhar em algum hostel – seja em Londres, Lima ou no Rio de Janeiro – e, pela cama e café da manhã, fazer serviços de limpeza, tradução ou fotografia, por exemplo.

Geralmente, os visitantes trabalham até seis horas diariamente, entre quatro e cinco dias na semana e estão livre no restante do tempo para turistar à vontade.

Amanda Barbosa conheceu a Inglaterra e a Califórnia hospedando-se em fazendas

Amanda Barbosa conheceu a Inglaterra e a Califórnia hospedando-se em fazendas

É para você?
Foi assim que a brasileira Amanda Barbosa, criadora do canal Por Uma Vida Mais Rica, conheceu em detalhes parte da Inglaterra e a Califórnia. Na Europa, se hospedou no interior do país em uma fazendo orgânica de permacultura. Junto com outros voluntários e funcionários, colhia verduras e as separava para enviar aos clientes. Neste período, dormiu em um celeiro reformado em um colchão no chão e dividia o espaço com mais uma pessoa.

“Nunca tinha plantado um alface na minha vida. Eu estava absolutamente sozinha, meu inglês estava muito ruim e não conseguia desenvolver diálogos. Mas isso de sair da zona de conforto foi enriquecedor por estar numa situação totalmente fora da minha realidade. Todos os dias aprendi alguma coisa diferente. Essa experiência foi responsável por transformar minha vida em vários sentidos. É uma imersão muito profunda. Além de ter um contato muito de perto com uma cultura local, conheci lugares incríveis que, como turista, nunca nem ia saber que existiam. Este contato abriu muito minha cabeça”, contou ao Virgula.

Ela gostou tanto da possibilidade de conhecer tão de perto outro povo que emendou outra temporada de Work Exchange em uma fazendo de cidra, também na Inglaterra. Desta vez, trabalhava no campo e ajudava a cuidar da lojinha. A hospedagem era em uma casa móvel, de dois quartos, rodeada por árvores e que ficava no meio da fazenda.

“Você tem que estar aberto a receber o que as pessoas tem a te oferecer.  Pode acontecer de ficar num quarto ótimo em uma cama incrível, como também ter que ficar num banheiro compartilhado. Se não está disposto a isto, este não é seu tipo de viagem”, alerta.  E, completa: “para mim, o espírito do Work Exchange é mesmo esta troca de cultura. Quanto mais desconhecido o lugar, melhor. Por onde passei, só tive experiências positivas porque as pessoas estavam lá por algum motivo e todas abertas. Algumas vão para aprender técnicas de cultivo ou para ano sabático mesmo”.

Antes de embarcar, Amanda fez o que todo viajante faz demais: pesquisar. Neste processo, entendeu que mesmo sem o custo de hotelaria, é importantíssimo ter dinheiro suficiente para a viagem. Primeiro, para casos de emergência e, obviamente, se preparar para pagar os passeios, alimentação extra e souvernis. Outra coisa foi saber o perfil de lugar e experiência que gostaria de ter. Preferia campo ou cidade, um lugar mais tranquilo ou o agito de um hostel? Tudo isso é preciso colocar na balança antes de decidir.

Como se organizar?
Entre as plataformas de estadia solidária, está o Worldpackers. Em seu banco de dados, tem mais de 270 mil pessoas de 171 nacionalidades cadastradas e 1.800 propriedades em 90 países. Ela foi fundada pelos brasileiros Riq Lima e Eric Faria, que já viajaram muito desta forma fora do País, onde a prática é muito mais comum.

O Worldpackers divide a pesquisa em categorias para facilitar a escolha do viajante

O Worldpackers divide a pesquisa em categorias

“Eu era auditor contábil e fui para os Estados Unidos aprender inglês. Mas vi que não teria dinheiro para fazer mais de dois meses de aula nas escolas de intercâmbio. Acabei conhecendo um hostel que me deu a oportunidade de morar lá em troca do meu trabalho. Percebi que ajudando ali, eu aprendia inglês, economizava dinheiro, conhecia pessoas do mundo inteiro e ainda aprendia outras habilidades e sobre outras culturas. Fui pra ficar seis meses e acabei ficando quatro anos”, relembra Eric.

Depois disso, ele fundou o ITH Hostels, rede com três unidades na Califórnia em que todo o staff é formado por viajantes habilidosos em busca de um beliche confortável. Foi lá que Eric conheceu o amigo Riq. Um brasileiro que abriu mão da carreira em um banco de investimento para viajar o mundo. Ele começou com uma passagem de ida para a África e acabou passando por 50 países em três anos quase sempre usando o work exchange.

Juntos, fizeram o projeto do Worldpackers, plataforma que divide as propriedades em categorias de acordo com o perfil do viajante. Entre elas, estão as acomodações perto da natureza, ou em cidades litorâneas, para as viagens de curta duração, para quem quer conhecer lugares mais remotos, tem destinos de aventura, os fãs de grandes cidades, quem busca trabalho social e humanitário, aqueles que estão na estrada há tempos e os chefs, quem quer achar hospedagem em troca do talento na cozinha ou no bar.

Entre os trabalhos que poderão desempenhar nestes lugares, estão organização de festas, ensino de línguas e esportes, guia turístico, limpeza, financeiro, jardinagem, pintura e decoração, construção, fotografia, social media,  serviços de TI e vários outros. Ou seja, é só escolher para onde quer ir, o que pode fazer e colocar o pé na estrada.

“Este tipo de turismo é para quem quer algo mais além de conhecer novos lugares. É para quem procura conhecer novas pessoas e novas culturas, ver o mundo por si mesmo e aprender com a vivência. O viajante tem que estar disposto a se envolver com a propriedade e colaborar para sua evolução porque é uma experiência cultural e educativa onde ele aprende através da prática. Nós acreditamos que a viagem é a forma mais pura de educação”, explica Eric.

Conheça as plataformas
Listamos outras plataformas conhecidas de troca de acomodação. Algumas tem acesso gratuito, mas a maioria funciona mediante pagamento de pacote para que você consiga pesquisar e entrar em contato com os hosts. Outras cobram uma quantia a cada acordo fechado.

1) Apenas para trabalho em fazendas orgânicas e com princípios sustentáveis
WWOOFhttp://wwoof.net/

2) House sitting: trocam hospedagem pelos cuidados com a casa ou animais de estimação
Trusted Housesittershttps://www.trustedhousesitters.com/
Nomadorhttps://www.nomador.com/
Mind My Househttps://www.mindmyhouse.com/
House Carershttps://www.housecarers.com/

3) Gerais:
Para Ondehttp://paraonde.org/ (é em português!)
Helpxhttps://www.helpx.net/
Workawayhttps://www.workaway.info/
Worldpackershttps://www.worldpackers.com/

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Créditos: Reprodução

 

 


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